O Grupo de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho, órgão da Secretaria de Inspeção do Trabalho, encontrou na semana passada mais seis trabalhadores , que eram mantidos em regime de escravidão, numa fazenda localizada no município de São Félix do Xingu, no Pará. Três deles são menores, com idades entre 15 e 17 anos, e foram aliciados para trabalhar na criação de gado vivendo em condição degradantes de moradia, alimentação e higiene. Depois de resgatados, foram encaminhados às suas cidades de origem e tiveram todos os direitos trabalhistas pagos.
Na semana anterior, 38 trabalhadores foram também libertados, a 200 quilômetros do mesmo município, em local de difícil acesso e que contou com a ajuda do Comando da Aeronáutica. Nessa fazenda, a situação encontrada era mais grave. Os trabalhadores estavam há dois meses submetidos a isolamento e situação degradante de trabalho e só foram localizadas porque dois deles conseguiram fugir, caminhando durante quatro dias pela mata até fazer a denúncia. Um deles não conseguiu prosseguir, pois adoeceu, ficando no caminho.
Eles passaram fome e sede e ficaram com os pés cheios de bolhas e picadas de mosquitos. Os 38 trabalhadores ficaram durante dois meses sem receber nada em pagamento, e dormiam no meio do mato, bebendo água suja retirada de um poço improvisado e sem apoio de equipamentos de segurança. Enfrentavam os mosquitos, chuvas, doenças e outros perigos. O que mais chamou a atenção do Grupo de Fiscalização Móvel foi o isolamento a que estavam submetidos.
O grupo de resgate demorou cerca de 13 horas para chegar à propriedade, o que só foi possível com a ajuda de um helicóptero, que fez a retirada dos trabalhadores. O proprietário da fazenda foi intimado a responder pela utilização de mão-de-obra análoga ao regime de escravidão. Será obrigado a desembolsar R$ 75 mil em indenização trabalhista, e pagará multas, além de responder por prática ilegal de mão de obra.
Agência Brasil
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