Reflexões

"Instruí-vos, porque precisamos da vossa inteligência. Agitai-vos, porque precisamos do vosso entusiasmo.

Organizai-vos, porque carecemos de toda a vossa força".
(Palavra de ordem da revista L'Ordine Nuovo, que teve Gramsci entre seus fundadores)

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dezembro 22, 2008

''Blindados'' por amigos e familiares, estudantes de medicina se formam na UEL

"Blindados" por familiares e pelos colegas do curso, os 14 estudantes de medicina da UEL (Universidade Estadual de Londrina) que haviam sido suspensos após promoverem uma farra no hospital universitário se formaram nesta sexta-feira em uma cerimônia rápida, que terminou com gritos de protesto.
Antes mesmo do ingresso dos estudantes no anfiteatro do Hospital Universitário, onde ocorreu a diplomação, a preocupação em "blindar" os formandos era evidente.
A coordenadora do Colegiado de Medicina, Evelin Muraguchi, se desculpava com amigos e parentes dos estudantes pela presença da imprensa. "É um cerimônia pública. Vamos tentar que seja a mais indolor possível'', dizia aos estudantes.
Outra estratégia, que foi defendida por um dos 14 alunos suspensos, foi a de que a beca não fosse usada na formatura, já que os alunos que haviam se formado uma semana antes não estavam com suas becas. A maioria dos 82 formados no dia 12 compareceu ao ato em solidariedade aos 14 formandos.
A cerimônia de formatura durou menos de 15 minutos. No momento do juramento, parentes, amigos e estudantes já diplomados se levantaram junto com os 14 formandos na tentativa de evitar que os punidos pela reitoria fossem identificados pelos jornalistas.
Na entrega dos diplomas, um médico, não identificado, chamou parentes e amigos para uma aglomeração. "Vamos embolar. Todo mundo embola junto", gritava. Outros parentes se colocavam na frente das câmeras dos cinegrafistas para impedir imagens.
Constrangido com o comportamento dos formandos e dos familiares, o reitor Wilmar Marçal encerrou o ato na entrega dos diplomas. A turma de formandos resolveu comemorar aos gritos de "justiça".
A comemoração irritou o reitor. "Houve justiça na ótica deles, mas não na da sociedade que condenou e condena atitudes desse tipo", disse Marçal.
O reitor afirmou que a decisão do juiz Mário Nini Azzolini, da 5ª Vara Cível, de permitir a colação acabou com o processo administrativo disciplinar contra os estudantes. "Mas que os 14 identificados fiquem alertas. Se ingressarem em residência médica ou em pós-graduação na UEL, os processos serão automaticamente reabertos."
Marçal aumentou o tom de voz ao falar com a imprensa para ser ouvido pelos estudantes --reunidos em um canto do anfiteatro com amigos e parentes. Ele reiterou que ainda há um boletim circunstanciado registrado pelo diretor-clínico do Hospital Universitário, Marcos Camargo, na Polícia Civil.
"Acabou o processo administrativo, mas a queixa na Polícia pode virar inquérito policial. Espero que a vida os ensine a serem profissionais. Espero também que eles reflitam sobre o que fizeram. Falta ainda o arrependimento público e o pedido de perdão aos pacientes do HU, coisa que nenhum deles ainda fez", disse Marçal.
No dia 20 de novembro, para comemorar o fim do curso, um grupo de estudantes invadiu o saguão do HU. Com rojões, sprays de espuma e bebidas alcóolicas, os alunos causaram pânico no local. No fim, 14 foram identificados por câmeras do hospital.
Marçal disse que uma auditoria interna, determinada por ele, irá investigar denúncias contra professores do curso de medicina por deixarem internos sob supervisão de médicos residentes. "Mas a auditoria vai investigar também o corporativismo de profissionais que passam a mão na cabeça quando devem punir."
Nenhum dos formandos quis falar com a reportagem.
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina

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