Reflexões

"Instruí-vos, porque precisamos da vossa inteligência. Agitai-vos, porque precisamos do vosso entusiasmo.

Organizai-vos, porque carecemos de toda a vossa força".
(Palavra de ordem da revista L'Ordine Nuovo, que teve Gramsci entre seus fundadores)

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dezembro 11, 2008

Palestina: catorze anos de trágica divisão

Marwan Bishara

Os palestinos nunca estiveram tão divididos e fracos como após os combates fratricidas do último verão em Gaza. Os conflitos internos minam a solidariedade internacional, reduzem a pressão sobre os ocupantes israelenses e transformam os territórios palestinos em um barril de pólvora capaz de explodir a qualquer momento.

O Hamas acusa o Fatah de ter conspirado contra seu governo, às vezes com a cumplicidade de Israel. O Fatah denuncia a incapacidade do partido islâmico de governar eficazmente e seu “golpe violento”, de junho de 2007, contra a presidência e a Constituição. Os independentes criticam os dois movimentos por colocarem seus interesses de facção acima do interesse nacional.

Pouco depois da assinatura dos acordos de Oslo, em 1993, fui testemunha de acusações recíprocas durante uma mesa-redonda sobre o futuro da Palestina, da qual tomava parte um número significativo de dirigentes e militantes da Intifada. Para minha surpresa, o espírito de camaradagem e união que reinou ao longo das primeiras horas deu lugar a uma confrontação verbal a partir do momento em que os anfitriões anunciaram que os soldados israelenses havia evacuado a base e que o toque de recolher seria suspenso naquela mesma noite.

Os líderes do Fatah ameaçaram quem quer que criasse obstáculos para sua tentativa de transformar um processo de paz, cujas imperfeições reconheciam, no processo de construção de um Estado. Os representantes do Hamas, por sua vez, exprimiam suas dúvidas e desconfianças em relação a uma via diplomática injusta cujo futuro era, de saída, pouco promissor.

Ainda que todos esses argumentos tivessem sua parcela de verdade, o Fatah e o Hamas, como o restante do povo palestino, foram desde o início, mais do que ninguém, as vítimas de um acordo que prometia liberdade e união, mas que gerou desesperança e divisão, ao encerrá-los em uma política de soma zero, na qual o sucesso de uma facção depende do fracasso da outra.

texto completo em http://diplo.uol.com.br/2007-11,a1996

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