Por Pedro Venceslau, Revista Fórum
A mais ousada ação militar da esquerda armada brasileira contra a ditadura completa hoje 40 anos. Quis o destino, se é que ele existe, que a efeméride do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick coincidisse com a reconhecimento do Exército pela morte de seu mentor e líder, Virgilio Gomes da Silva, o Jonas.
Foi apenas em 2004 e graças a uma investigação jornalísitica do competente repórter Mário Magalhães, da Folha, que a família de Jonas descobriu e teve acesso ao laudo de sua morte. Até então considerado “desaparecido político”, ficou-se sabendo então que ele está enterrado no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo. “Não sabemos em que sepultura. Quero que o Exército se responsabilize por essa busca, especialmente agora que eles reconheceram a morte dele dentro de suas dependências. Virgilio merece um enterro decente”, disse-me a viúva, Ilda Martins da Silva.
Pode-se dizer que essa foi a terceira morte de Virgilio Gomes da Silva. Entre a primeira, a física, naquele fatídico dia 28, e a terceira, a oficial, em 2004, Jonas foi massacrado pelo filme O que é isso companheiro? , baseado no livro homônimo de Fernando de Gabeira. “O filme é uma fraude. Virgilio não era louco e agressivo como eles mostraram. Também não fumava, mas nas cenas aparece fumando sem parar. Processei a produtora e ganhei em primeira instância. Perdi na segunda e estou aguardando a terceira”, diz a viúva Ilda.
“Fizeram uma caricatura covarde e infame do Jonas. No filme ele é retratado como um idiota. O Gabeira não teve a decência de vir a público dizendo que o filme distorcia a verdade”, afirma o historiador Daniel Aaarão Reis, um dos idealizadores do sequestro. Fórum publica na edição de outubro um perfil sobre Jonas.
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