Às
vezes um ruído cênico sacode a monotonia da violência bélica
norte-americana.Risos sobre cadáveres, por exemplo. Soldados urinando
sobre corpos sem vida. A barbárie assusta, mas não é um ponto fora da
curva institucional. Na nebulosa dissipação do último dia de 2011, o
democrata eleito com a promessa de fechar Guantánamo, revalidou, por
exemplo, o Ato de Autorização de Defesa Nacional que 'legaliza' a
existência do campo de concentração e proíbe o ingresso de seus
prisioneiros no território americano; impede-os assim de recorrer ao
direito ao habeas corpus, ao veto a prisão sem evidencia formal de
crime e a outros marcos de legalidade que distinguem uma democracia de
um estado de exceção. Dias depois, em cinco de janeiro, com a mesma
ambígua desenvoltura, Obama anunciaria cortes no orçamento da defesa
compensados, advertiria em seguida, pela ênfase em operações secretas.
Leia-se: atos de sabotagem, guerra cibernética e ataques a alvos
específicos 'de efeito imediato'. A julgar pelos assassinatos em série
que já mataram quatro cientistas ligados ao programa nuclear iraniano,
vetado pelo Império, a nova doutrina tem eficácia comprovada. O alívio
aterrador de bexigas militares nos cadáveres talebãs, portanto,
ampara-se em precedente à altura: o jorro contínuo de cinismo
institucional despejado pela grande democracia do norte nas nossas
cabeças. (LEIA MAIS AQUI)
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