Reflexões

"Instruí-vos, porque precisamos da vossa inteligência. Agitai-vos, porque precisamos do vosso entusiasmo.

Organizai-vos, porque carecemos de toda a vossa força".
(Palavra de ordem da revista L'Ordine Nuovo, que teve Gramsci entre seus fundadores)

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fevereiro 02, 2008

Mídia golpista, por qué no te callas?

A cobertura da mídia brasileira em relação a temas da América Latina é além de pedante, patética e preconceituosa. Boa parte dos coleguinhas abundados nas chefias das redações de grandes jornais se orgulha de ter ido algumas vezes para a Europa e os EUA, mas nunca se deu ao trabalho de tentar ir conhecer algo mais do Buenos Aires entre os nossos vizinhos de fronteira. Mais do que isso, a maior parte desses chefetes não lê nada sobre América Latina e fica repetindo as bobagens que as agências de notícias internacionais produzem. São colonizados até à medula. A edição de Fórum que está nas bancas traz uma reportagem especial sobre as Farc que merece ser lida por todos aqueles que têm interesse em entender melhor o processo colombiano. Além da matéria de Jacques Gomes Filho, que esteve num acampamento da guerrilha durante uma semana e entrevistou o porta voz do grupo, Raúl Reyes, o leitor tem uma boa matéria produzida pelo colega Anselmo Massad onde o conflito é historicizado. Massad, por exemplo, lembra que na novela Cem Anos de Solidão, Gabriel Garcia Márquez narra os 32 levantes armados promovidos pelo coronel Aureliano Buendía, todos perdidos, em guerras civis contra os conservadores. Mas o que é mais importante desta sua matéria é que ele recorda que o momento em que as negociações mais se aproximaram da paz foram nos acordos de 1984, com cessar fogo, que durou até 1990. “Naquele momento, as Farc formaram a União Patriótica como braço político institucional, que obteve alguns importantes resultados eleitorais. Jaime Pardo Leal se lançou candidato à presidente daquele país pela UP e obteve o maior número de votos alcançado até então por um partido que não seja os tradicionais Liberal e Conservador. Foi assassinado em 1987, assim como o senador Manuel Cepeda Vargas, em 1990. Desde a fundação da UP, o número de mortos e desaparecidos chegou a 3.500. Os sobreviventes de massacres e atentados ficam em torno de mil e muitos até hoje sofrem ameaças e têm que viver de forma clandestina. O episódio é o ponto de partida do livro Walking Ghosts, do jornalista estadunidense Steven Dudley – sem edição brasileira.” Pois é, isso é absolutamente ignorado em todas as reportagens sobre as Farc. Não é à toa que essa nossa mesma mídia faz troça com Chávez por conta do não te callas do Rei da Espanha. Mas quem deveria mesmo calar a boca são essas línguas de aluguel da nossa mídia.
(31/01/2008 18:49), blog do ROVAI, Revista Fórum

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