Reflexões

"Instruí-vos, porque precisamos da vossa inteligência. Agitai-vos, porque precisamos do vosso entusiasmo.

Organizai-vos, porque carecemos de toda a vossa força".
(Palavra de ordem da revista L'Ordine Nuovo, que teve Gramsci entre seus fundadores)

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abril 27, 2008

Komíves Kelemenné - Folclore hungaro, relata a trágica história da Senhora Kelemen, dona de casa do mestre-pedreiro Kelemen.

Contam que seu marido e outros onde pedreiros, encantados pelo "alto preço de alqueires de prata e ouro", são contratados para erigir a grande fortaleza de Déva, mas não conseguem porque...
o que eles constroem até o meio dia, desmorona no fim da tarde, o que eles constroem até o fim da tarde, cai pela manhã...
Para resolver o problema, eles fazem uma lei a que solenemente todos decidem se submeter: a primeira esposa a chegar será queimada e suas cinzas serão misturadas à cal, para obtenção de uma argamassa indestrutível com a qual deverão erguer a grande fortaleza.
Acontece que a Senhora Kelemen é a primeira a partir para Déva em sua finíssima carruagem puxada por quatro lindos cavalos baios. A maio-caminho, o cocheiro lhe implora para deixá-lo voltar, dizendo que em sonho tivera uma premonição, e vira o filhinho dela cair e morrer no fundo do poço que havia no meio do pátio de sua casa. A senhora o faz calar, com palavras a que ele não poderia replicar:
segue, cocheiro, a carruagem não é tua, os cavalos não são teus, apressa-os!
Ao aproximarem-se de Déva, o mestre-pedereiro os reconhece de longe, pedindo a Deus para detê-los com um raio na estrada bem diante da carruagem, para que os cavalos se assustem e dêem a volta ou, se isso não funcionar, para quebrar as pernas dos quatro cavalos, de modo que não conseguissem chegar... Tudo em vão. A senhora Kelemen chega e os doze pedreiros lhe contam com as palavras muito suaves o destino cruel a que não poderia escapar. Ela os chama de "doze assassinos," inclusive seu próprio marido, e pede que esperem que vá até sua casa e volte, para despedir-se de "minhas amigas e do meu lindo filhinho...
Ao voltar, os homens a queimam e utilizam suas cinzas para fazer a argamassa forte e conseguem erguer a altíssima fortaleza de Déva, recebendo o prometido "rico pagamento em alqueires de prata e ouro". Quando a fortaleza fica pronta e o mestre-pedreiro Kelemen volta para casa, o filho não pára de perguntar pela mãe ausente. Depois de usar muitas evasivas, no final o pai tem de contar ao menino que sua mãe está enterrada entre as pedras da fortaleza de Déva. Em desespero, o filho vai até a fortaleza no alto da montanha e grita três vezes:
Mãe, doce mãe, fala comigo outra vez!
A mãe responde e a balada termina assim:
Não posso falar contigo! O peso das pedras me cala!
Estou emparedada e enterrada nessas pedras tão pesadas...
O coração dela então se partiu e com isso a terra se abriu, o menino caiu no fundo e ali foi enterrado.
Publicado por István Mészáros, no livro ára Além do Capital

2 comentários:

Anônimo disse...

As vezes nossa teimosia não nos deixa enxergar. Bela história, me fez refletir sobre minha conduta, as vezes não queremos ouvir, enxergar e sentir. Assim como a Senhora Kelemem muitas vezes agimos pensndo somente em nós mesmos. Bom final de domingo. Beijos

Bosco Ferreira disse...

O lucro e a riqueza colocam nossos entes queridos e nossa felicidade em segundo plano.

Ilha das flores

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