Reflexões

"Instruí-vos, porque precisamos da vossa inteligência. Agitai-vos, porque precisamos do vosso entusiasmo.

Organizai-vos, porque carecemos de toda a vossa força".
(Palavra de ordem da revista L'Ordine Nuovo, que teve Gramsci entre seus fundadores)

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janeiro 05, 2009

A política da campanha israelense de extermínio: Apoiantes, apologistas e fornecedores de armas


por James Petras [*]

Cartoon de Latuff. Cartoon de Latuff.Devido ao apoio incondicional de toda a classe política dos EUA, desde a Casa Branca até ao Congresso, incluindo ambos os partidos, responsáveis eleitos a deixarem e a ocuparem os seus cargos e todos os principais mass media impressos e electrónicos, o governo israelense não sente qualquer escrúpulo em proclamar publicamente um relato pormenorizado e gráfico da sua política de extermínio em massa da população de Gaza.

A sustentada e abrangente campanha de Israel de bombardeamento de todos os aspectos da governação, das instituições cívicas e da sociedade é destinada a destruir a vida civilizada em Gaza. A visão totalitária de Israel é guiada pela prática de um expurgo permanente da Palestina árabe informada pelo sionismo, uma ideologia étnica-racista, promulgada pelo estado judeu e justificada, forçada e buscada pelos seus apoiantes organizados nos Estados Unidos.

Os factos do extermínio israelense são conhecidos: Nos primeiros seis dias de bombardeamentos de terror noite e dia dos maiores e menores centros populacionais, o Estado judeu assassinou e mutilou seriamente mais de 2.500 pessoas, sobretudo desmembrados e queimados nos fornos abertos do fogo dos mísseis. Grande número de crianças e mulheres foram abatidas bem como civis e responsáveis indefesos.

Eles selaram todo o acesso a Gaza e declararam-na uma zona militar de fogo livre, enquanto ampliaram o seu alvo de modo a incluir toda a população de 1,5 milhão de prisioneiros semi-esfaimados. Segundo o Boston Globe (30 de Dezembro de 2008): "Oficiais militares israelenses disseram que as suas listas de alvos foram ampliadas para incluir a vasta rede de apoio na qual o movimento islamista confia para permanecer no poder" ...estamos a tentar atingir todo o espectro, porque tudo está conectado e tudo apoia o terrorismo contra Israel" (sublinhados meus). Um israelense do topo do seu aparelho de polícia secreta é citado dizendo; "A infraestrutura civil do Hamas é um alvo muito sensível" (ibid). O que os planeadores políticos e militares israelenses designam como "Hamas" é toda a rede de serviço social, todo o governo e a vasta maioria das actividades económicas, abarcando quase todos os aprisionados 1,5 milhão de residentes em Gaza.

A lista "alvo" de Israel envolve portanto a " população total ", utilizando a totalidade do seu armamento não nuclear e por um período de tempo ilimitado (até o "amargo fim" de acordo com o primeiro-ministro israelense). O porta-voz do ministro da Defesa de Israel reiterou enfaticamente o conceito de guerra totalitário do Estado judeu enfatizando os civis como alvo: "O Hamas tem utilizado ostensivamente operações civis como cobertura para actividades militares. Qualquer coisa filiada ao Hamas é um alvo legítimo".

Tal como todos os totalitários no passado, o estado judeu jacta-se de ter sistematicamente planeado com antecipação a campanha de extermínio – meses antes – até mesmo incluindo o dia e a hora precisa do bombardeamento para infligir o máximo assassínio de civis. Os rockets e bombas caíam quando as crianças estava a deixar a escola, quando cadetes da polícia que estavam a receber os seus diplomas e quando mães desesperadas corriam das suas casas para descobrirem seus filhos e filhas.

A campanha de extermínio em massa por meios militares veio na sequência do seu incessante embargo económico total e da persistente campanha de assassínios selectivos nos dois anos anteriores. Ambos foram concebidos para expurgar a Palestina da sua população árabe, primeiro através da fome em massa, da doença, da humilhação e intimidação violenta e do poder por procuração capturado pelos quislings da OLP sob o fantoche sionista Abbas. Quando descobriram que a fome em massa e o assassínio selectivo israelense apenas fortaleciam as ligações da população ao seu governo democraticamente eleito e a resolução do governo Hamas para resistir a Israel, o regime israelense desencadeou todo o seu arsenal de armas, incluindo novas "prendas americanas" do último tipo: bombas "rompe bunker" de 1000 libras [454 kg] e mísseis de alta tecnologia para incinerar seres humanos em grande número dentro do seu raio mortal e destruir a civilização palestina.

Indo directamente da sua visão totalitária aos planos militares para o ataque bárbaro aos centros populacionais palestinos, o Estado judeu destruiu a principal universidade com mais de 18 mil estudantes (sobretudo mulheres), mesquitas, farmácias, condutas de água e electricidade, centrais eléctricas, aldeias de pescadores, barcos de pesca e o pequeno porto pesqueiro que proporcionava um magro abastecimento de peixe à população famélica. Eles destruíram estradas, instalações de transporte, depósitos de alimentos, edifícios dedicados à ciência, pequenas fábricas, lojas e apartamentos. Eles destruíram um dormitório de mulheres na universidade. Nas palavras do líder de Israel: "...porque tudo está conectado com tudo..." é necessário destruir todo e cada um dos aspectos da vida, os quais permitem aos humanos existirem com alguma dignidade e independência.

Os líderes totalitários israelenses sabiam com segurança que podiam actuar e podiam matar com impunidade, ao nível local e diante do mundo todo, devido à influência da Configuração de Poder Americano-Sionista dentro da Casa Branca e do Congresso dos EUA. Sabiam terem o pleno apoio de todos os principais partidos políticos israelenses, de sindicatos, mass media e especialmente da opinião pública. O estado de terror israelense é apoiado por 81% dos judeus israelenses segundo um inquérito efectuado pelo Channel 10 de Israel ( Financial Times, 30 de Dezembro de 2008). A violência totalitária e o extermínio de palestinos são extremamente populares entre o eleitorado judeu, especialmente para aumentar o apoio ao candidato do Partido Trabalhista Ehud Barak. Eles sabia que teriam "êxito" sem virtualmente nenhuma baixa porque bombardeavam, queimavam e desmembravam uma população indefesa à qual faltavam totalmente os meios mínimos para defender-se de bombardeiros F16, helicópteros canhoneiros e mísseis de assalto. A vil depravação do assalto à população indefesa é acompanhada pela absoluta covardia do comando militar israelense e do seu público sedento de sangue abrigado por trás do seu monopólio aéreo. Eles não sofreram ameaças de retaliação, nem pilotos feridos ou mortos, quando helicópteros canhoneiros, onda após onda, enxameava sobre uma população indefesa aprisionada num gueto apinhado e sitiado.

Centenas de tanques e veículos blindados estão preparados para invadir logo que as cidades tenham sido arrasadas, logo que a população esteja demasiado enfraquecida pela fome para resistir, logo que os líderes e combatentes tenham sido assassinados e as instituições palestinas normais da lei e da ordem tenham sido pulverizadas, abrindo caminho para os corruptos colaboradores da chamada Autoridade Palestina. Então, e somente então, a equipe israelense de generais arriscará a pele de um precioso "soldado" judeu.

texto integral em: http://resistir.info/petras/petras_02jan09.html


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