05 de Julho de 2013
Intersindical
A enorme maioria dos que se manifestam nas ruas quer mudanças
profundas na realidade brasileira. E a construção das lutas no dia 11 deve
articular um conjunto de medidas que demonstre qual país queremos. Além da
pauta unitária do movimento sindical, que contém em geral os eixos principais,
a INTERSINDICAL é parte de um conjunto amplo de organizações que entende ser
necessário abarcar outras bandeiras populares no debate com os trabalhadores, a
juventude e a sociedade.
Para a INTERSINDICAL, a construção do dia de luta unitário deve
ser precedida de outras atividades também unitárias, recusando ações
unilaterais.
Dinheiro
público para as políticas públicas
Para garantir o atendimento da pauta unitária é necessário mudar
a política econômica. A política fiscal reafirmada pela presidente Dilma não
permite a melhoria dos serviços públicos na medida das necessidades. Para a
INTERSINDICAL, O fim do superávit primário e a destinação dos recursos
para as políticas públicas devem estar no centro do debate.
A enorme maioria da população não aceita os gastos com a copa e
a construção de estádios, que só beneficiam empreiteiras e outras grandes
empresas.
Ainda mais grave que isso, é a destinação da metade da arrecadação
do governo federal – e de parcela significativa do orçamento dos Estados e
municípios - para o cofre dos bancos e rentistas, na forma de juros e
amortização de uma dívida que precisa ser auditada.
Chega de abrir mão de serviços públicos de qualidade enquanto os
governos drenam recursos públicos para engordar as fortunas de banqueiros,
rentistas e multinacionais!
As cartolinas dos manifestantes precisam denunciar o altíssimo
lucro dos bancos, amealhados com a sangria do tesouro nacional e também com a
exploração dos clientes e da população que pagam tarifas caríssimas e
altíssimas taxas de juros aos banqueiros!
Duas décadas de mercantilização da saúde, educação e transporte
coletivo, tornando-os simples fontes de altíssimos lucros para grupos
empresariais é o que impede o exercício desses direitos fundamentais.
Entendemos que é preciso exigir do governo Dilma a inversão
desse modelo. Investir 10% do orçamento federal na saúde pública, desprivatizar
o setor e fortalecer o SUS público e estatal é condição para garantir saúde
pública de qualidade para todos/as.
Valorização efetiva do magistério, investimento de 10% do PIB
para a educação pública e fim das políticas mal chamadas “meritocráticas” e a
aplicação do PNE da sociedade são o caminho para dotar a escola pública de condições
para efetivar o processo de ensino-aprendizagem. Para isso, é pressão total
sobre os governos federal, estaduais e municipais.
Tirar das empresas privadas o domínio do transporte coletivo, garantir
o passe livre e o direito a cidade para todos também é importante no processo
de construção e participação no Dia Nacional de Mobilizações.
A necessária democratização dos meios de comunicação também deve
ser estampada nos cartazes e bandeiras que saem às ruas. É preciso acabar com o
monopólio controlado por meia dúzia de famílias que impede a livre comunicação
e a liberdade de imprensa! Basta de manipulação orquestrada por quem quer mudar
tudo para tudo continuar como está.
A reforma agrária, abandonada pelo governo Dilma, o apoio
decisivo para a agricultura familiar, que é o que garante a produção de
alimentos e o fim dos privilégios ao agronegócio precisam voltar para o centro
da pauta dos setores compromissados com a mudança social.
O direito a moradia digna para todos, recusando a espoliação
levada a cabo pela especulação imobiliária, também é parte da afirmação do
Brasil que os que vivem do trabalho merecem e precisam.
A desmilitarização das polícias e o fim da violência contra,
principalmente, a juventude pobre e negra, também é parte do modelo de País que
queremos. É preciso enterrar o entulho autoritário e discriminatório que marca
o Estado brasileiro!
É preciso denunciar as várias formas de opressão de gênero,
etnia, de orientação sexual, avançando nas liberdades democráticas fundamentais
para um convívio saudável com a diversidade humana.
É importante debater, também, qual modelo de desenvolvimento o
Brasil deve trilhar. O respeito aos bens da natureza e o modelo que enxerga o
meio ambiente apenas como recurso e fonte de lucros privados não pode ser
reforçado. Neste aspecto, por fim aos leilões do petróleo é uma medida urgente.
Por fim, mas não menos importante, a mudança das estruturas
políticas. O fim do financiamento privado das campanhas eleitorais, entre
outras medidas, para acabar com a ação dos corruptos e corruptores é necessário
para atender a voz legítima do clamor popular cansado do Estado patrimonialista.
Evitar o predomínio do poder econômico na definição dos rumos do
País é condição para mudar a realidade brasileira. Um plebiscito que garanta a
efetiva participação popular na reforma política, garantindo aos setores
populares e progressistas as condições para o esclarecimento à população de
propostas que avancem na democratização do processo é importante e desejável. Basta
do controle do poder econômico e dos interesses alheios a maioria do povo
brasileiro.
Esses elementos são parte do processo de construção da luta
deste período tão importante aberto com as manifestações de indignação e a
insatisfação popular com a permanência de um modelo que há mais de duas décadas
não permite à maioria do povo brasileiro exercer seus direitos de forma plena.
Sem perder o foco em torno das reivindicações consensuais do movimento
sindical, que são a base para a intervenção da militância da INTERSINDICAL, vamos
nos somar na construção de ações unitárias o mais amplo possível para que os
trabalhadores, a juventude e a maioria do povo possam avançar mais, conquistando,
finalmente, condições dignas de vida e trabalho, com o exercício da
participação popular.
Viva as mobilizações que chacoalham as desigualdades brasileiras!
Unidade de ação em torno às bandeiras e reivindicações
populares!
Todos/as no Dia Nacional de Lutas, com greves e manifestações!
São Paulo, 27 de junho de 2013-06-28
INTERSINDICAL – Coordenação Nacional
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